O intercambista Matheus Andrade, estudante de Engenharia Mecânica no IPRJ, conta um pouco da sua experiência na Universidade de Sheffield, no Reino Unido.


Abaixo texto enviado por Matheus Andrade em 11/03/2014


A opção pela Universidade

"Ao escolher a The University of Sheffield, eu já sabia que poderia esperar uma universidade acolhedora, e que oferecia uma das melhores experiências estudantis do Reino Unido. Prêmios frequentes de "Universidade do ano" e "Melhor União Estudantil” me deixaram muito tranquilo quanto à minha qualidade de vida aqui, mas fatos estatísticos como ser uma universidade que recebe mais fundos de pesquisa do que a poderosa Cambridge e ser top 5 em Engenharia Mecânica no UK me fizeram escolher Sheffield com absoluta certeza."

Infraestrutura

"Ao chegar aqui fiquei impressionado com a infra-estrutura da faculdade. É algo que eu nunca pensei que pudesse existir. Todos os auditórios nos quais já estudei tem sistema de áudio-visual impecável, cadeiras confortáveis e uma inclinação bem vertical para facilitar a visão. Os professores também são muito organizados e sempre levam bons slides, que geralmente são disponibilizados com alguma antecedência no sistema da Universidade. É comum o uso de microfone pelo professor, mesmo em turmas pequenas. No começo de cada aula, eles te dão a matéria do dia impressa e grampeada, para que você possa passar o tempo da aula prestando 100% de atenção na matéria, em vez de dividido entre ouvir e copiar. O uso daqueles quadros interativos também é muito comum, e te ajuda um bocado ao fazer apresentações. As salas são bem isoladas, então não sofremos da interferência tanto de barulhos externos quanto de frio.

Eu conheço três bibliotecas da Universidade (grande possibilidade de existirem outras), uma delas (a St George’s) fica a quarenta metros da minha acomodação, e as outras não ficam a mais de cinco minutos a pé. Em todas temos grande variedade de livros, ambientes confortáveis, computadores disponíveis para acesso à internet e impressão de arquivos bem barata. Tanto empréstimo quanto devolução de livros são self-service. Eu gosto muito também da disponibilidade de salas de estudo nelas, assim como os ambientes de descanso: cafés, salas com poltronas, e até banheiros com chuveiros (reza a lenda que os asiáticos mudam para a biblioteca no período de provas).
Uma das bibliotecas, o Information Commons, funciona vinte e quatro horas e sete dias por semana. Ela é uma referência na região e bem disputada entre os alunos. Quanto ao conteúdo, é possível encontrar todas as provas e listas de exercícios antigas de qualquer matéria nas bibliotecas: encadernadas e solucionadas. Porém, eu tenho a ligeira impressão de que como o IPRJ (meu campus da UERJ) é quase exclusivo para Engenharia Mecânica, temos uma variedade/proporção melhor de livros lá. Não precisei pegar muitos, estou estudando com pdfs no tablet, mas das vezes que consultei o sistema, senti falta de mais edições disponíveis."

Recursos Disponíveis

"No geral, a faculdade nos oferece muitos recursos. Isso vai desde wi-fi ultra rápido num raio de 1km da faculdade, até a possibilidade de pegar táxi sem dinheiro, deixando sua carteirinha de estudante com o taxista que, ao deixá-la na União Estudantil é pago, e você a pega de volta no dia seguinte pagando a corrida. Temos festas toda semana, cinema dentro da faculdade, frequentes viagens pela Inglaterra e a Universidade tem vários pubs e bares dentro dela. Podemos usar a piscina aquecida do centro esportivo, e temos desconto em infinitas coisas na cidade.

Outra coisa fantástica é que qualquer aluno inscrito em disciplinas do departamento de Ciência da Computação tem acesso ao DreamSpark da universidade. Lá você basicamente baixa programas como versões do Windows (7, 8, 8.1), Visual Studio e etc de graça: a Universidade não espera que você pague ou pirateie esses programas para poder completar as tarefas das matérias. Falando em computação, os laboratórios de informática são ótimos também, como todos os laboratórios daqui. Computadores extremamente potentes, muita disponibilidade de máquinas, ótimos monitores (aqui só pode ser monitor quem é aluno de PhD, em geral orientandos do teu professor) e mais uma vez ótima infraestrutura."

Ensino

"Por fim, o ensino é muito bom. No primeiro semestre cursei “Ciclos Termodinâmicos Avançados para a Engenharia” que dá uma revisão no que eu vi em Termodinâmica 2 e depois leva além, “Transferência de Calor e Termodinâmica de Misturas” é basicamente uma junção de Termodinâmica 2 e Transferência de Calor com o diferencial de ensinar reações químicas nesse contexto, e “Introdução à Programação Orientada a Objetos” que é a melhor matéria que eu já tive aqui, as aulas são muito aplicadas a situações reais, e já aprendi desde processamento de imagens a filtragem de sinais usando programação. Como já fiz os ciclos básicos de todas essas matérias no IPRJ, tenho muita felicidade em comparar e dizer que os professores que lecionaram essas cadeiras para mim no Brasil poderiam, com 100% de certeza, dar aulas aqui.

Nesse segundo semestre estou cursando mais matérias, entre elas: Fundamentos de Biomecânica, Sistemas Inspirados Biologicamente, Método dos Elementos Finitos, Análise Aplicada, Propriedades e Otimização de Energia e Aero propulsão. Por serem todas matérias do último ano, ou do mestrado, ou de outros departamentos, estou sentindo que o ritmo está bem mais acelerado."

Ponto Negativo

"O único ponto realmente negativo da Universidade é a demora para a divulgação de notas, além do esquema de avaliação. Em algumas matérias os professores não podem dar mais de 79% porque isso significaria um high-first, que deve ser dado com cautela apenas para a nata intelectual dos alunos. Outro problema é agregar toda a avaliação do semestre em uma única prova com pouquíssimo tempo para ser feita. No Brasil temos o feedback dos nossos esforços durante o semestre, e podemos, assim, corrigir o ritmo de estudos."

A experiência

"Essa experiência do Ciência sem Fronteiras está, no fim de tudo, me mostrando que nós brasileiros não somos tão inferiores como achamos que somos. Temos bons professores, bons alunos e potencial. Ainda perdemos um pouco na infra-estrutura e no fato da ciência não ser um aspecto cultural do Brasil como é aqui, porém isso pode ser resolvido com o tempo. Fico muito feliz em ver que eu e meus colegas de CsF em Sheffield estamos nos destacando, cada dia mais, como ótimos alunos nas disciplinas que fazemos. Também fico muito feliz em absorver tudo que posso dos meus colegas internacionais quando é a minha vez de ter dúvidas."





Firth Court, um dos prédios da Universidade
(Foto Arquivo pessoal)

Pátio da União Estudantil (Foto Arquivo pessoal)



Um dos prédios da faculdade de Ciência da Computação
(Foto Arquivo pessoal)

St George's Church, uma antiga igreja hoje reformada pela universidade para servir de auditório
(Foto Arquivo pessoal)

Mappin Building, um dos prédios da Faculdade de Engenharia
(Foto Arquivo pessoal)

Broad Lane Court, minha acomodação
(Foto Arquivo pessoal)

Town Hall de Sheffield
(Foto Arquivo pessoal)



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